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SEX EDUCATION | Uma lição divertida, atrevida e inclusiva sobre o amor (Crítica da 2° Temporada)

É difícil imaginar outra série de TV começando, imediatamente, com uma montagem extática de masturbação masculina. Felizmente, a abertura para a tão esperada segunda temporada de Sex Education alcança isso com um prazer hilário e gratificante. A pessoa em questão é o terapeuta sexual de 16 anos Otis (Asa Butterfield), que finalmente encontrou seu próprio desejo sexual, brincando consigo mesmo em todas as oportunidades. Mas todo o seu conhecimento obtido com sua mãe franca Jean (Gillian Anderson), que é uma guru profissional do sexo, não ajuda quando se trata de sexo real, no qual ele luta para conseguir com sua nova namorada Ola (Patricia Allison).

Imagem Promocional da 2ª Temporada de ‘Sex Education’ – Divulgação/Netflix

Mesmo que a segunda temporada não consiga igualar as emoções consistentes da primeira temporada, o novo ano ainda prova ser uma brincadeira atraente e divertida de acompanhar. Tudo é mostrado sem vergonha, sem eufemismo, sem assuntos fora dos limites, a nova temporada da série segue o  estilo das comédias de John Hughes, nos quais acaba abordando a sexualidade em todas as suas formas com bravura, inteligência, leveza e humor onde nenhuma outra produção alcança muito bem. 

Ela mantém o tom inovador, mas também continua doce e engraçada com risos grosseiros e visuais exuberantes que andam de forma intensa na cidade escapista de Moordale. Mergulhar de volta a esta cidade vívida é uma verdadeira delícia, repleto de personagens novos e antigos em muitas posições eróticas e difíceis. A produção original da Netflix é preenchida com personagens totalmente escritos para terem afeto do público com os quais você se importa tanto que é tão emocionante quanto divertido vermos as aventuras juvenis em 8 episódios de 50 de minutos.

Imagem Promocional da 2ª Temporada de ‘Sex Education’ – Divulgação/Netflix

É o início de um novo ano na escola e a namorada de Otis, Ola (Patricia Allison) – que também é filha do novo parceiro da mãe de Otis (Gillian Anderson), Jakob (Mikael Persbrandt) acabou ingressando na escola do protagonista. Mostrada em torno das panelinhas das escolas em uma sequência que poderia ser tirada diretamente de As Patricinhas de Beverly Hills ou Meninas Malvadas, a segunda temporada se estabelece mais uma vez como uma estranha (e às vezes um pouco desconfortável) híbrida vida dos adolescentes americanos em um cenário britânico, onde os alunos recebem ‘créditos’ para atividades extracurriculares, há um grupo de teatro que faz performances no estilo Glee e ser uma estrela na equipe de natação garante um lugar em uma faculdade de primeira linha.

Otis está temporariamente aposentado de sua clínica de aconselhamento sexual. Adam (Connor Swindells) foi banido para as forças armadas por seu pai autoritário (Alistair Petrie). Maeve (Emma Mackey) foi expulsa da escola e está trabalhando em uma banca de pretzel e lidando com o ressurgimento da mãe (Anne-Marie Duff), que anteriormente a abandonou mas agora está em reabilitação. E Eric (Ncuti Gatwa) está flertando com um potencial novo interesse amoroso, que é um estudante francês transferido chamado Rahim (Sami Outalbali).

Imagem Promocional da 2ª Temporada de ‘Sex Education’ – Divulgação/Netflix

Estes, e o elenco de apoio que retornam, se juntam a vários personagens adicionais para compor uma lista cheia que inicialmente parece um pouco esmagadora, mas, assim como os alunos voltam após um longo intervalo, o público é rapidamente levado para a vida escolar.

Carregando vários arcos emocionais e narrativos satisfatórios para todos os nossos principais atores, cada episódio também aborda pelo menos uma faceta da sexualidade. O primeiro episódio trata das DSTs e da histeria em torno delas quando as pessoas são desinformadas. Os episódios posteriores abordam tópicos como dedada, assexualidade, pansexualidade, conversa suja, prazer sexual em mulheres mais velhas e ducha anal, mas sempre com foco em abertura, comunicação e amor.

A série se esforça para ser inclusiva, por isso não é surpresa que um dos novos personagens de destaque seja Isaac, um usuário de cadeira de rodas que mora em um dos trailers perto de Maeve, interpretado pelo ator deficiente George Robinson. Tão inteligente e azedo quanto Maeve, e com cicatrizes emocionais e físicas comparáveis, até o final da série, ele é um rival de amor credível para Otis. Outros novatos incluem Viv (Chinenye Ezeudu), a garota mais inteligente da escola que se esqueceu de ter companheiros (e consegue algumas das frases mais engraçadas), o perverso Dex (Lino Facioli), especialista em cubos de Rubik, e Rahim, o estrangeiro sexy que é quase legal demais para a escola.

Imagem Promocional da 2ª Temporada de ‘Sex Education’ – Divulgação/Netflix

Enquanto isso, os favoritos da primeira temporada, a elegante Aimee (Aimee Lou Wood) e Lily (Tanya Reynolds), obtêm suas próprias subparcelas satisfatórias e completas. Trazendo equilíbrio e classe, Gillian Anderson é, como sempre, nunca menos do que cativante. Encarregada de renovar o currículo de educação sexual da escola, ela agora está alojada na escola e ameaça os negócios de Otis (quando, é claro, começa novamente à medida que a temporada avança) e suas batalhas frente a frente com Groff são deliciosas.

Embora as personagens femininas acabem tendo um bom destaque, esta temporada também mergulha na masculinidade tóxica: as emoções reprimidas, a raiva liberada. Até o bem-intencionado Otis é vítima, mostrando que qualquer homem (bom ou não) pode ser afligido. No episódio seis, isso se transforma em alguns minutos excruciantes durante uma festa fora de controle, na qual Otis fica bêbado e insulta seus pensamentos sem considerar o dano que está causando.

Imagem Promocional da 2ª Temporada de ‘Sex Education’ – Divulgação/Netflix

 

Tudo isso acaba fortalecendo também no desenvolvimento de decisões de Adam e Maeve, que possuem histórias paralelas como jovens famintos de carinho que aprenderam a não esperar nada de ninguém. Claro que depois o foco volta para a jornada de Otis, que marca o rumo principal da série. Tudo bem que não há spoilers para isso, mas o curso do protagonista no show é mais convencional, embora não menos atraente. A participação do ator James Purefoy como Remy, o pai de Otis deixa Asa Butterfield, como em todas as suas performances, apresentar uma atuação perfeita e, apesar dos erros de seu personagem, ele nunca é menos do que simpático.

No final desta boa temporada, o gancho deixado envolvendo Otis, Maeve e Isaac é de certa forma polêmico e bastante discutível. A conjunção de algumas tomadas acabou seguindo um clichê em que é muito difícil desconfiar dos jovens atualmente. Mesmo assim a produção foca que o crescer como pessoa é difícil, e nos lembra que ser adulto também é difícil. 

Imagem Promocional da 2ª Temporada de ‘Sex Education’ – Divulgação/Netflix

Somos todos diferentes e o sexo não deve ser algo que temos medo de falar. Lidar com tópicos difíceis com brincadeira e sensibilidade também não é tarefa fácil, mas Sex Education o faz com uma mão hábil. É uma produção massivamente divertida, calorosa e oportuna, que tem um desenvolvimento envolvente.

A trilha sonora ajuda a dar um ótimo ritmo para os episódios cativantes que acabam passando rapidamente em uma breve maratona em frente a telinha. Se quer entender e ter uma lição sobre a sexualidade atual, precisa assistir está grande produção da Netflix, a série se torna uma das melhores coisas no catálogo da poderosa plataforma de streaming que aqui consegue transmitir de forma magistral e eclética um assunto bastante contemporâneo.


Trailer:

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