TED LASSO | Crítica da 2º temporada

Considerada uma das maiores surpresas dos últimos anos, Ted Lasso foi uma grande experiência em sua 1ª temporada praticamente impecável (para ler a crítica da 1ª temporada, clique aqui). Em sua 2ª temporada, o show do Apple TV+ não perde o ritmo e mergulha direto no meio do drama do AFC Richmond na EFL Championship, a 2ª divisão do Campeonato Inglês de Futebol.

A tarefa enfrentada pelo time de futebol e seu carismático técnico Ted Lasso é sem dúvida assustadora e isso seria um eufemismo. Dito isso, os showrunners tomaram uma decisão bastante ousada de não focar no lado futebolístico da história, mas sim nas histórias humanas de personagens bem escritos. É arriscado porque uma luta pelo campeonato sempre prometeu drama no mundo real e as histórias escrevem por si mesmas. Portanto, a decisão de não focar mais na paixão mundial para chegar à terra prometida, que é a Premier League e sim criar uma narrativa muitas vezes não associada aos dramas esportivos ou mesmo na comédia.

Particularmente isso é uma das poucas pequenas desvantagens nesta 2ª temporada, mas em retrospecto é também sua maior força, o que torna a dramédia (drama com comédia) algo bastante admirável, pois Ted Lasso passa ao espectador grande profundidade e camadas de emoção nos personagens, optando por uma história mais voltada nos problemas pessoais, com Jason Sudeikis e o resto do elenco possuindo performances diferenciadas que foram ainda mais elevadas pelo excelente roteiro ao longo da 2º temporada.

A atitude adorável de Ted Lasso para mascarar a dor por baixo é traduzida com desenvoltura por Sudeikis, que mais uma vez acaba dando um show em sua atuação sublime que transita entre a comédia e o drama. O resto do elenco também recebe excelentes arcos que incluem a redenção de Jamie Tartt (Phil Dunster), a busca de amor por Rebbeca Welton (Hannah Waddingham), a autodescoberta do treinador Beard (Brendan Hunt) e a evolução de Nate Shelley (Nick Mohammed).

O tema geral da 2º temporada é o tabu em torno da saúde mental e do transtorno de ansiedade. A introdução da psicóloga Dra. Sharon Fieldstone (Sarah Niles) é uma adição bem-vinda e preenche a lacuna entre o gênero e o tema da atual temporada, embora o futebol em si seja representado com parcimônia, ele não é totalmente desprovido dela. Há um excelente embate nas semifinais da FA Cup contra o Manchester City, o time do momento na Premier League em jogo no temível estádio da seleção inglesa, o Wembley, conhecido mundialmente como a casa do futebol. Há também participações especiais da icônica dupla de futebol do Sky Sports, Jeff Stelling e Chris Kamara.

 A cereja do bolo é a realeza de grandes comentaristas que já foram futebolistas, Ian Wright, Gary Lineker e Thierry Henry fazendo também aparições especiais no show. O final fecha uma temporada emocionante com grande drama futebolístico, sem quebrar a estrutura do tema geral. A cena final sugere uma rivalidade entre o AFC Richmond e o West Ham United do leste de Londres.

No geral, a 2ª temporada de Ted Lasso nos revelou algo grandioso em uma dramédia bastante agradável de se assistir, vai ser angustiante esperar pela 3ª temporada desta série surpreendentemente viciante.

Nota: 4,5/5

Sinopse:

Jason Sudeikis interpreta Ted Lasso, um simplório técnico de futebol americano universitário do Kansas que é contratado para treinar um time de futebol profissional na Inglaterra — apesar de não ter nenhuma experiência treinando futebolistas.

Trailer: