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ÁGUAS PROFUNDAS | Crítica do filme



Os thrillers eróticos em sua maior parte são taxados por serem travessos, inúteis, ridículos e exagerados, sendo que eles provavelmente nem sempre recebem a atenção que merecem. No entanto, eles consistentemente ainda encontram uma audiência e Águas Profundas (Deep Water), produção baseada no livro de mesmo nome de Patricia Highsmith e dirigido pelo famoso diretor Adrian Lyne, que está retornando para dirigir um filme depois de mais de duas décadas longe dos holofotes e melhor ainda, ele está voltando ao gênero que lhe deu notoriedade.

Com roteiro feito por Sam Levinson, o criador de Euphoria, e Zach Helm, que escreveu Mais Estranho que a Ficção, esperava-se que dupla caprichasse em uma história interessante envolvente. O longa até gera esses momentos que infelizmente são curtos e arrastados, se sustentar somente na ótima química entre o ex-casal na vida real Ben Affleck e Ana de Armas acaba sendo pouco para algo que poderia ser melhor. Originalmente previsto como um lançamento nos cinemas, o filme se contentou com um lançamento de streaming que provavelmente é o melhor, pois seu assunto definitivamente será para uma marca específica de público. Embora seja inútil, ridículo e exagerado, o longa também é divertido de um jeito meio que de prazer culpado, pois os momentos “profundos” acabam sendo as melhores partes dessa proposta, ou tentam ser.

Para quem quer assistir a uma série de cenas de tensão entre pessoas bonitas em casas bem arquitetadas, Águas Profundas fica somente nisso com a história seguindo um casal chamado Vic (Affleck) e Melinda (de Armas) Van Allen, cujo casamento aparentemente perfeito não era o que parecia ou pelo menos era o que parecia para as pessoas ao seu redor. O relacionamento deles era algo muito mais complicado a fim de manter seu casamento intacto e os reinados de Vic em sua esposa eram muito frouxos sob o pretexto de não querer ser controlador. Independentemente de suas verdadeiras motivações ao fazê-lo, Melinda se aproveitou disso, ostentando-se com uma porta giratória de homens. Suas ações não passaram despercebidas por todos em sua cidade, incluindo Vic, para dizer o mínimo. A dinâmica deles, pelo menos na superfície, eram jogos mentais entre um par de pessoas incrivelmente imperfeitas e talvez mais pessoas que de alguma forma acabaram ficando uma com a outra.

Como dito anteriormente, tanto o título quanto os momentos “profundos” acabam sendo as melhores partes deste trash movie, pois a tentativa de explorar essa situação complicada entre Vic e Melinda acaba nos revelando que o casal vive em um barril de pólvora esperando para explodir. No entanto, o filme se arrastou enquanto os espectadores esperavam que esse momento acontecesse e embora inevitável, a preparação para aquele momento ficou cada vez mais ridícula quando Vic se tornou o principal suspeito do desaparecimento dos chamados amantes de Melinda.

Daquele ponto em diante, a vida que ele estabeleceu para si e para Melinda começou a desmoronar quando seu medo reprimido de perder sua esposa o consumiu e o ressentimento e ciúmes acabou o colocando em risco. O outro lado da equação em Melinda não tinha tanta profundidade, pois ela era apenas um dispositivo de enredo para a história de Vic e não uma personagem que poderia ser uma força motriz para uma virada que pudesse surpreender e até responder dela ter o seu comportamento estranho. Essa e outras dúvidas acabaram ficando vagas para que o público pudesse tirar a conclusão em que ambas as partes nunca poderiam se encaixar. Havia algo sobre o relacionamento deles que os atraiu um para o outro, no entanto, essa falta de profundidade mencionada acima manteve o filme no precipício de ser mais interessante do que era.

Apesar de suas falhas narrativas, Águas Profundas é divertido de uma maneira quase tão ruim que é boa. O filme e todos os envolvidos parecem que usaram alucinógenos na forma de formatar o enredo e eles nos mostram uma coisa e no final acabam sendo outra coisa. Mesmo com essa situação dúbia, todos acabam se divertindo com tudo, portanto, você como espectador poderá se divertir com as situações hilárias que a história acaba nos conduzindo. No final das contas, a melhor parte do filme foram as performances de Affleck e de Armas e sua grande química como Vic e Melinda, mesmo que apenas na criação de um par crível de pessoas desprezíveis. A contenção mostrada por Affleck contrastou com a extrovertida e conivente Melinda, mostrando que de Armas comprou mais da personagem do que estava lá.

No geral, Águas Profundas (Deep Water) é um trash movie divertido com momentos que podiam ter mais cenas no qual o público geral esperava, os momentos de caras e bocas 
(que não são muitas!) de ciúmes de Ben Affleck garantem o entretenimento para se prender neste filme esquisito e que podia ter mais profundidade, pois no que realmente o filme tentou se vender acabou não tendo um grande êxito, mesmo que Ana de Armas consiga convencer com seu charme na proposta que lhe foi concebida, a produção poderia ter trabalhado em um enredo bem mais elaborado e interessante.

Nota: 2,5/5



Sinopse:

Ben Affleck e Ana de Armas interpretam Vic e Melinda Van Allen, um casal rico de Nova Orleans cujo casamento está desmoronando sob o peso do ressentimento, do ciúme e da desconfiança. À medida que as provocações mútuas e os jogos mentais aumentam, as coisas rapidamente se transformam em um jogo mortal de gato e rato quando os casos extraconjugais de Melinda começam a desaparecer. 

Trailer:

 


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