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O TELEFONE PRETO | Crítica do filme


O diretor Scott Derrickson, o roteirista C. Robert Cargill e o astro Ethan Hawke se reúnem novamente para outra incursão sobrenatural em O Telefone Preto, que logo de cara tenta criar uma atmosfera assustadora através de um design de som sutilmente agitado com visuais simples e que tenta ser assustador ao explorar imagens que geram uma atmosfera granulada em uma estrutura repetitiva que sofre de uma mitologia sobrecarregada de ideias pouco exploradas.

O filme nos mostra o vilão Grabber (Ethan Hawke) sequestrando Finney (Mason Thames), um tímido estudante do ensino médio que é intimidado na escola e atormentado em casa por seu pai abusivo (Jeremy Davies). A dinâmica entre esse sequestrador perturbado e o garoto sensível é potencialmente rica, mas o filme infelizmente não está interessado em explorá-la e acaba seguindo um caminho mais simples na trama.

A incapacidade do roteiro de se aprofundar em qualquer ideia além de sua concepção inicial é mais irritante do que lidar com o telefone preto pendurado na parede do porão e neste telefone Finney recebe ligações sobrenaturais dos meninos que o Grabber anteriormente sequestrou e matou. Essa premissa, embora evocativa, rapidamente se torna um mecanismo de enredo mecânico e cada chamada sugere uma cena de videogame, com cada novo NPC contando uma história de fundo para Finney completar uma missão para acabar com o grande vilão do filme.

Esses garotos mortos aparecem para Finney com aparências pálidas e ensanguentados, fornecendo o pretexto para alguns sustos baratos quando surgem das sombras, mas o terror mais potente do filme é enquadrado em abusos no mundo real e aqui temos a irradiação de um conto clássico de Stephen King, o que fica bem familiar por termos o autor da história sendo Joe Hill, filho de King e que transmite elementos sobrenaturais com horrores quase reais e bem familiares do seu pai.

A cena de um pai bêbado abusivo e o horror geral de ser uma criança que sofre assédio físico e verbal nos anos 70 é gratificante e passa a sensação de que Scott Derrickson está escondendo muito de sua própria infância difícil por trás do tipo de truques sobrenaturais excêntricos que esperamos dele, pois de certa forma ele está em território familiar aqui, tendo dirigido anteriormente O Exorcismo de Emily Rose e A Entidade que também estrelou Hawke, embora em um papel muito menos sinistro do que em O Telefone Preto, que tem pouco em termos de algo único a oferecer e os sustos são amplamente telegrafados com antecedência. Existem alguns fios soltos de ideias que nunca são explorados profundamente, possivelmente devido ao fato do longa ser baseado em um conto do que em um romance completo e infelizmente esse desequilíbrio com as metáforas na trama acabaram tendo uma transmissão desajeitada para as telonas.

Mesmo com alguns problemas de enredo, o longa não é esquecível e as performances de todos os envolvidos são bem vistosas, o jovem ator Mason Thames se sente tão natural e livre em seu desempenho que acaba aumentando o pavor demonstrado e parece que ele está legitimamente assustado em algumas cenas. Da mesma forma, a dinâmica que ele tem com sua irmã na tela, Madeline McGraw, parece autêntica o que acaba gerando também destaque para o lado sobrenatural e dramático que McGraw consegue transmitir com maestria na tela. Os atores infantis acabam formando o trio de outro no filme com a presença de Ethan Hawke, o astro é capaz de trazer uma sensação de malícia distorcida e mesmo que ele passe a maior parte do filme atrás de uma máscara aterrorizante que muda dependendo de seu humor particular, as suas escolhas são todas bem definidas em cada cena. 

No geral, O Telefone Preto sofre pela falta de conteúdo do seu material original e tudo aqui é simples e nada assustador, o filme pode transmitir momentos tensos de um suspense irradiante, mas se sustentar nisso acaba sendo completamente forçado para algo que poderia ser bem melhor, entretanto mesmo com essas adversidades o elenco se entrega e merece todo o destaque nesta produção comandada por Scott Derrickson que volta as suas raízes. 

Nota: 3/5
Trailer:


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