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RAMBO: ATÉ O FIM | Filme se prende aos clichês do passado (Crítica)

Se você está procurando uma crítica escrita pelo melhor fã do garanhão italiano e grande herói dos filmes de ação nos anos 80, provavelmente está lendo a crítica errada. Confesso que eu acompanhei com olhar curioso e trash os filmes da franquia, e particularmente lembro pouco do esquecível Rambo de 2008, mas depois de assistir Rambo: Até o Fim, provavelmente eu sei o porquê deste último filme da franquia que foi lançado há 11 anos não me conduz para nenhuma memória satisfatória.  

O veterano soldado do Vietnã, John Rambo (vivido por Sylvester Stallone), agora está bem domesticado, vivendo em seu rancho com sua sobrinha adolescente Gabrielle (Yvette Monreal) e outra mulher, interpretada por Adriana Barraza, que supomos ser uma empregada doméstica. O verdadeiro pai de Gabrielle partiu quando ela era jovem, mas ela ouviu de um amigo no México que ele foi encontrado, então ela segue para o México sozinha, onde se mete em sérios problemas. É claro que Rambo a segue, fica surpreso e briga com os criminosos mexicanos que tomaram Gabrielle, fazendo Rambo ter sua vingança final ao massacrar todos quando eles voltam para seu rancho para tentar matá-lo.

Deixando de lado que esse tipo de thriller de vingança bem típico de algumas histórias, o filme demonstra ter mais riqueza desde o auge de Rambo nos anos 80, Rambo: Até o Fim pelo menos começa como se fosse para ser uma peça de um personagem mais dramático, explorando como é ser John Rambo em seus dias de aposentadoria. O problema com a configuração do filme é que é tão chato e cheio de melodrama e exagero que você se pergunta se esse é realmente o Rambo da antiguidade ou outra tentativa de Stallone de manter a máquina do dinheiro rolando por muito tempo. Talvez seja um pouco dos dois.

Monreal é uma bela jovem atriz que tem o infortúnio de não ter muito o que fazer quando chega ao México e é desprezada por seu pai biológico. Sua “amiga” Jezel leva Gabrielle a um bar onde ela é drogada e arrastada para um círculo sexual local, e quando seu tio vem resgatá-la, as coisas ficam piores. Não vou entrar no modo deplorável que Gabrielle é tratado na história, mas garante que um caso já sombrio não tenha chance de ter um final feliz.

A pior infração de Rambo: Até o Fim é que ele faz de tudo para tornar os inimigos do filme aqueles “maus mexicanos” que ouvimos o presidente dos EUA, Donald Trump, tando reclamar. O roteiro acaba dando a poucos deles qualquer personalidade ou caráter, além de serem criminosos impenitentes e merecedores para que sejam descartados por Rambo (muitos deles estão apenas fazendo seu trabalho como contratados).

Talvez possa ser minha visão de não ter acompanhado a franquia Rambo no seu auge, porque quando Stallone apresentou o personagem nos anos 80 eu não era vivo. Mas seja de propósito ou não, “Até o Fim“ insiste em alguns personagens racistas que desejam “tornar a América grande novamente”, apesar da presença de alguns bons mexicanos subutilizados. Uma delas, a jornalista de Paz Vega, Carmen Delgado, que tem pouco objetivo na história, exceto consertar Rambo na primeira vez que é espancado pelos bandidos.

O último ato envolve Rambo montando seu próprio rancho com explosivos e armadilhas, isso atrai os bandidos para local onde ele possa matá-los da maneira mais violenta e horrível. Eu imagino que alguém deva torcer por Rambo a cada morte sangrenta, pois ele faz com que pareça tão fácil, que não há absolutamente nenhuma tensão ou conflito real. Ele apenas os mata um por um (ou dois de cada vez, em alguns casos), deixando o líder por último (bem clichê). Quando você compara isso com os recentes filmes de ação, é óbvio que grande parte da culpa pela suavidade do filme recai no diretor Adrian Gunberg (Plano de Fuga), mas provavelmente no próprio Stallone por co-escrever, mas não dirigir o longa.

Há algo a dizer sobre o que Rambo: Programado para Matar e talvez até a primeira sequência fizeram em termos de capacitar os veteranos militares americanos em um momento em que eles ainda não estavam recebendo o que mereciam. “Até o Fim” não tem nada a oferecer, exceto para chateá-lo e em seguida, mate um monte de pessoas com quem você se importa tão pouco, que você não consegue nem reunir o entusiasmo de torcer por suas mortes.

Rambo: Até o Fim não se sente apenas datado, mas também preso em uma era que há muito tempo não precisa de nostalgia para nos lembrar que um bom filme não precisa ficar preso somente em abusar de easter-eggs e algumas cenas de ação.


Trailer:


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