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AD ASTRA: RUMO ÀS ESTRELAS | Uma viagem melancólica e sentimental ao espaço (Crítica)

Se há algo que filmes como Star Wars: Uma Nova Esperança (1977) de George Lucas e Interstellar (2014) de Christopher Nolan nos ensinaram que, é melhor vermos um filme espacial esperando ser enganado por um simples espetáculo ou ser consumido por uma mistura esmagadora de ciência pomposa e existencialismo triste.

É, portanto, surpreendentemente agradável que o novo longa de James Gray seja um filme ambientado principalmente no espaço, exigindo apenas que seus espectadores tenham conhecimento básico de quão longe Netuno está em nosso sistema solar. Com um espetáculo profundo, a película não distrai seu público das liberdades criativas usadas para sua narrativa ser avançada. Ele aprofunda sua conexão não com o intelectualismo banal, mas com emoções transparentes. Ad Astra: Rumo às Estrelas leva seus espectadores ao espaço profundo, não para evocar a distância da humanidade, mas para enunciar o fato íntimo de que as conexões que acabam por prosperar no vácuo são as que teimosamente se encontram desde o momento em que nascemos.

(Imagem Promocional: Brad Pitt em Ad Astra – Rumo às Estrelas – Twentieth Century Fox)

O enredo é simples. Roy McBride (Brad Pitt) precisa viajar da Terra para Marte para entregar uma mensagem ao célebre astronauta H. Clifford McBride (Tommy Lee Jones), que também é o pai que ele pensava ter morrido em uma missão fracassada, ele deve parar o que ele está fazendo, pois possivelmente suas experiências com a sua nave no espaço podem estar destruindo o universo. Ele pula em um foguete para a lua e, a partir daí, pega um ônibus espacial para Marte, onde grava uma mensagem pré-composta que será transmitida a Netuno. No caminho para Marte, Roy encontra várias adversidades, incluindo piratas lunares a bordo de buggies reaproveitados e um navio de pesquisa misteriosamente abandonado. 

Os detalhes da jornada revelam a percepção sombria de Gray e do efeito amortecedor do capitalismo sobre as realizações da humanidade. O foguete que outrora serviu como solo sagrado e adequado apenas para homens e mulheres que cumpriram os mais rigorosos requisitos foi transformado em um navio comercial, completo com confortos para dormir por um preço.

(Imagem Promocional: Ad Astra – Rumo às Estrelas – Twentieth Century Fox)

Pior, a lua agora é uma armadilha para turistas e apenas mais uma caixa de dinheiro para os conglomerados explorarem. Roy lamenta profundamente a evolução da ambição do homem de esticar a fronteira de suas capacidades, imaginando como seu pai teria reagido a como todo o trabalho duro que ele gastou apenas resultou na extensão da mediocridade monótona da humanidade.

As emoções são ainda mais simples. Gray permite que Roy transmita seus pensamentos, geralmente através dos testes psicológicos que ele precisa de vez em quando para determinar sua aptidão para a missão, mas principalmente através de murmúrios aleatórios que se transformam em montagens de memórias do passado que permitem ao espectador vislumbrar sua antiga vida. O filme não precisa mascarar seus sentimentos, sabendo plenamente que o melhor tempero é o mais contundente da humanidade, expresso pelos confessionários de um astronauta estoico e solitário.

Em meio a sua sede de repressões e agitações de seu personagem principal, Pitt não é incomodado por complexidades e pretensões. O ator abraça completamente os tropos e excessos do drama no espaço, o longa entrega-se aos prazeres de suspense e de sequências de ação com cenários de horror em suas explorações internas e íntimas da condição humana. A produção não permite que o personagem principal possa filosofar sobre sua vida rotineira, Roy vive sempre com o clamor emocional voltado à questão da presença atormentadora do pai na existência pessoal e profissional dele. É um filme generoso, facilmente navegável, fervorosamente divertido e precisamente humano.

(Imagem Promocional: Brad Pitt em Ad Astra – Rumo às Estrelas – Twentieth Century Fox)

Deslumbrado com suas imagens de um futuro próximo distinto, mas ainda familiar, ou de um espaço sombrio e todos os seus terríveis mistérios. Rotineiramente as cenas são revertidas para mostrar em close penetrante a face desgastada de Pitt, quase tentando mostras aos seus espectadores a se comprometerem com a noção de que parte da parcela desse universo impenetrável são as dores de um filho abandonado. Há discernimento na imensa beleza do filme, cada quadro é rigorosamente construído com um sangue de sentimento e melancolia. É quase impossível não ficar admirado com o quão silenciosamente poderoso tudo é no espaço.

Ad Astra é uma maravilha e conta com uma das melhores atuações de Brad Pitt. A produção é admirável e reflexiva com seus efeitos e afetos que são universais, o filme alcança as estrelas apenas para chegar ao ponto muito esperançoso de que mesmo os perigos do universo não podem perturbar ou distorcer nossa humanidade imperfeita, mas inestimável.


Trailer:


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