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KLAUS | Uma linda história das características do Papai Noel (Crítica)

Conhecido por criar a franquia Meu Malvado Favorito, o animador e roteirista espanhol Sergio Pablos vem ganhando fama em se envolver em projetos animados que alegram o público. Emperrado desde 2015, o longa animado Klaus lutou por inúmeras tentativas de produzir a história de origem do Papai Noel na forma de uma animação tradicional em 2D. Por sorte no final de 2017, Pablos resolveu investir o necessário para que a obra fosse completada e eis que temos agora o lançamento de um incrível projeto.

Klaus é o primeiro longa-metragem animado a receber o selo Original Netflix onde coloca Sergio Pablos no radar de projetos futuros. Uma das qualidade de Klaus é o seu roteiro, onde conta uma história inteligente, competente e comovente que parte de Jesper (Jason Schwartzman), o filho egoísta e extremamente mimado de uma tradicional família de carteiros, para cuidar do correio de Smeerensburg (tem um “S” proposital a mais do que o nome do local verdadeiro, que é Esmeremburgo, em português), no Círculo Polar Ártico, e estabelece cada detalhe do que entendemos do Papai Noel hoje em dia a partir de seu encontro com um misterioso e corpulento carpinteiro (J.K. Simmons), que vive em completo isolamento.

O legal é como o bom velhinho cria cada item, mas essa obra literária é bem diferente do que existe no mercado, mostra o quanto a magia do natal é sofrido e duro e como certas coisas, como por exemplo se você for um menino mal, não vai ganhar presentes do bom velhinho, e isso ganha uma enorme importância e comove quem assiste.

O mais interessante em Klaus é como o Papai Noel vai sendo montado ao poucos, aqui contamos com uma ótima narrativa onde te prende com a rivalidade milenar entre os Krum (cabelos pretos) e os Ellingboe (cabelos ruivos) tomando grande parte da história, mas sempre de maneira ágil e bem construída, sem diálogos e explicações didáticas a todo momento e trazendo um comentário social importante com esse aparente maniqueísmo: já repararam como tudo, hoje em dia é dividido entre dois polos opostos inconciliáveis? Da política, passando por futebol, chegando até aos filmes e quadrinhos (tem coisa mais idiota do que ficar brigando por causa de heróis em quadrinhos?), as redes sociais do mundo supostamente moderno criaram seus próprios feudos e clãs que não só não ouvem o outro lado como também, na maioria dos casos, não fazem ideia porque defendem determinada ideia.

Ao tratar os dois lados de Smeerensburg como facções raivosas que brigam ao tocar de um sino em uma narrativa que gira em torno da entrega de cartas, o que Pablos faz é dar alguns belos tapas nas caras dos guerreiros de mídia social que, atrás de seus teclados, acham que são os donos da verdade sem chegar nem perto de compreender que ela não tem dono. Outra coisa que curti foi a técnica de animação, que fugiu da computação gráfica em 3D, o trabalho de Pablos com texturas e iluminação que realmente tiraram Klaus de obras 2D e lhe deram traços caricatos, a cidadezinha de onde se passa grande parte da história é de se tirar o chapéu e eu mesmo como artista adorei.

Para encerrar, Klaus é uma das belas adições aos catálogos de“Originais Netflix e uma das melhores animações de 2019. Papai Noel ganha uma digna representação e se duvidar pode se tornar um clássico natalino!


Trailer:

Sinopse:

Jesper (Rodrigo Santoro) é o pior estudante da academia postal. Ele mora em uma ilha gelada acima do Círculo Ártico, onde cartas não têm vez entre os vizinhos brigados que mal se falam. Jesper está para desistir quando encontra uma aliada, a professora Alva (Fernanda Vasconcellos), e conhece Klaus (Daniel Boaventura), um misterioso carpinteiro que vive sozinho em uma casa cheia de brinquedos feitos à mão. Suas amizades improváveis trazem o riso de volta à pequena Smeerensburg e criam um novo legado de vizinhos generosos, contos mágicos e meias cuidadosamente penduradas sob a chaminé. Com direção do cocriador de Meu Malvado Favorito Sergio Pablos.

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