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24: LEGACY | Mais uma vítima da representatividade (Crítica da Série)

Quando você mexe com uma obra consagrada tem de se ter todo o cuidado pra não fazer algo que irrite os fãs antigos, ou em outras palavras não fazer merda mesmo.

Eu sei que eu comecei o dia já pegando pesado mas 24: Legacy (Fox, 2017, Manny Coto e Evan Katz) atualmente passando nas madrugadas da Rede Globo, é um exemplo crasso disso.

Corey Hawkins and Anna Diop, antes dos Titãs, não se engane, a missão dele é muito difícil.

Vamos direto ao assunto 24 Horas é uma saga que durou 7 temporadas, fortemente respeitada, realçou Kiefer Sutherland (que participa da produção executiva de Legacy) ao posto de astro, e trouxe de forma séria o tema do terrorismo que foi bem oportuno depois do 11 de setembro.

24 se caracterizou por um enredo muscular, com personagens fortes, reviravoltas e muita intriga internacional. Pode-se dizer que faz parte de segunda era de ouro dos seriados americanos. Foi um grande sucesso na Tv Globo, e nas redes sociais pessoas contavam que varavam as madrugadas esperando o próximo capítulo.

Miranda Otto e a última equipe da CTU, como sempre o forte é o profissionalismo.

Em 24 a ideia era mostrar o dia mais infernal da vida de um agente federal chamado Jack Bauer, que trabalhava em uma unidade chamada de CTU (Counter Terrorist Unit ou Unidade Contra Terrorista) e tinha problemas em sua família com seu trabalho e o tempo. Sim o tempo é um fator principal, afinal a série é EM TEMPO REAL.

Isso quer dizer que cada episódio (e os primeiros realmente foram assim) durava em minutos exatamente 1 hora. Houve alterações e o estilo urgente foi se modificando, mas era sempre a mesma receita.

Carlos Bernard e seu Tony Almeida também estão de volta.

Após 7 temporadas, tramas foram terminadas e poucos segredos deixados pra trás. Mas sabe como é Hollywood. Legacy conta a história do marine e sniper Eric Carter, que após uma missão para eliminar um Sheik terrorista passa a ter seus amigos caçados, seus familiares e pessoas próximas por causa de um pen drive com informações de células terroristas em território norte americano e códigos de ativação desses terroristas.

Após pedir ajuda a Rebecca Ingram (Miranda Otto, a eterna Éowyn de Senhor dos Anéis) , que após os acontecimentos do filme 24: Live Another Day, restituiu a CTU, começa a corrida pela vida e contra o tempo, dessa vez em 12 episódios. O elenco ainda conta com Anna Diop (a Estelar de Titans), Jimmy Smits e o retorno de Carlos Bernard como Tony Almeida.

Mas bora a crítica realmente. É bom? Tem o espírito do seriado? Serve como legado? A resposta é não. Em Legacy, o roteirista Sean Callery optou por mudar a estrutura da série e trocou todo o starset para focar em uma família negra americana. Calma, deu certo? Sim e não. O novo protagonista Corey Hawkins pega um papel muito pesado pela frente.

Não é como se pusessem o Idris Elba para o lugar de Jack Bauer. Demora e talvez mesmo o maior fã da série não se identifique com a mudança no núcleo central que tem pitadas de GTA San Andreas (falo sério) e Boyz in the Hood. Brilha a estrela do experiente Jimmy Smits como o senador John Donovan, marido de Rebecca e seu mal relacionamento com seu pai, que fará qualquer coisa para o filho chegar ao poder; e Anna Diop que entrega um trabalho consistente como a esposa de Eric, dando certa consistência em seu núcleo.

Pode comparar, a responsabilidade era muito grande.

Legacy só ficou na primeira temporada e o motivo disso ficou claro. É aquela velha história, representatividade pela representatividade além de mudar radicalmente uma fórmula já estabelecida entre os fãs, tem seu preço. Apesar de tecnicamente a série ter o apelo do passado, falta nela o espírito que se perdeu com a tentativa de “adequação” a esses novos tempos.

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