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MEU NOME É SARA | Uma história de coragem, segredos e horrores do Holocausto (Crítica)

Uma história verdadeira. Um soco no estômago. “Meu Nome é Sara” (My Name is Sara), que chega em breve aos cinemas brasileiros (estreia dia 27 de fevereiro), conta sobre a difícil luta de Sara Góralnik pela sobrevivência. Interpretada de forma incrível por Zuzanna Surowy (em seu primeiro longa, a atriz acaba sendo uma grata surpresa com uma bela atuação), a personagem é uma judia polonesa de 13 anos de idade, de quem os nazistas arrebataram toda a família, deixando-a abandonada para enfrentar um destino cruel em meio ao caos do Holocausto na Segunda Guerra Mundial.

Diferente de muitas produções desse terrível período, “Meu Nome é Sara” não tem pressa em mostrar os pequenos fragmentados do que era viver em uma época de medo, exploração e tortura. Isso porque depois de uma fuga exaustiva para o interior da Ucrânia, Sara rouba a identidade de sua melhor amiga cristã e encontra refúgio em uma pequena vila, onde é recebida por um fazendeiro e sua jovem esposa.

Zuzanna Surowy em cena do filme ‘Meu Nome é Sara’ (My Name is Sara) / A2 Filmes

Tendo que mentir para sobreviver, o dia a dia de Sara acaba sendo torturante, Zuzanna consegue demonstrar bem com seus olhos saltitantes uma frieza em continuar mentindo e também a tristeza ao estar sozinha com estranhos. No meio de tudo isso, ela descobre os segredos sombrios do casamento de seus empregadores, o que acaba adicionando um desafio maior para ganhar a lealdade de ambos e também para que este esforço de proteger sua verdadeira identidade não seja em vão.

Além de Zuzanna, o filme conta com boas interpretações do casal coadjuvante. Eryk Lubos faz o papel de Pavlo, um fazendeiro brucutu que consegue mostrar compaixão para proteger sua família, amigos e seus negócios da fazenda e extrema brutalidade com certas causas que envolvem a guerra e os abusos dos alemães que roubam seus cultivos. Outro destaque fica para a boa atuação da bela Michalina Olszanska, com uma personalidade bipolar interessante, a atriz atua Nadya e consegue passar diferentes personalidades ao ser megera com Sara, doce com seus filhos e crua com seu marido. A personagem é um grande elo para os segredos obscuros e pelo forte crescimento de Sara como mulher independente no desenrolar da trama.

Michalina Olszanska e Eryk Lubos em cena do filme ‘Meu Nome é Sara’ (My Name is Sara) / A2 Filmes

Com o elenco possuindo uma ótima química em boa parte do filme, outro destaque da produção fica para a direção de arte, mesmo com um orçamento baixo, o lonfa consegue fazer uma boa imersão na ambientação e nos horrores vívidos pelos personagens na tela. Fora ainda que o figurino e a maquiagem, mesmo que simples em certos momentos, transmite com clareza o período vívido no filme, deixando o filme bem real e sem improvisos que geram um falso realismo.

O filme consegue também transmitir de forma rica informações que dificilmente iriamos saber que acontecia neste período cruel. Entretanto, o ritmo cadenciado pode gerar desconforto para alguns espectadores que poderão ficar impaciente com alguns momentos mostrados nas passagens de tempo. Mesmo assim, o filme serve como um magma repleto de detalhes horríveis e verdadeiros, temos cenas que apontam para momentos delicados e outras que ficam somente em falas e visões subentendidas.

Michalina Olszanska, Zuzanna Surowy e Eryk Lubos em cena do filme ‘Meu Nome é Sara’ (My Name is Sara) / A2 Filmes

A película teve sua exibição em diversos festivais de cinema mundo afora e marca a estreia na direção de Steven Oritt, que fortemente queria trazer para a tela grande a história de Sara. Com sua câmera, ele capturou o drama da protagonista sem filtros, que logo teve que aprender o significado de Shoah (termo da língua iídiche usado para definir o holocausto judeu) com extrema sensibilidade, poesia, delicadeza e realismo. 

“Meu Nome é Sara” foi escrito por David Himmelstein e produzido por Mickey Shapiro, o longa é feito de diálogos bem escritos, suspiros e silêncios que valem mais que mil palavras. O filme é emocionante e cru, é um exemplo de como a coragem e a força podem nos levar a superar qualquer situação.


Trailer:

 

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