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SPECTROS | Cuidado com o pipoqueiro na madrugada! (Crítica da 1ª temporada)

Quase sem nenhuma divulgação, “Spectros” é a nova série brasileira original da Netflix que estreou no mês de fevereiro e foi ambientada no bairro da Liberdade, em São Paulo. A produção acompanha Mila (Claudia Okuno), Pardal (Danilo Mesquita) e Carla (Mariana Sena), três adolescentes arrastados para o centro de um conflito entre uma bruxa e um necromante. Em jogo está o equilíbrio que separa o mundo dos mortos do mundo dos vivos (muito louco isso!).

Criado e escrito por Douglas Petrie, norte-americano que já esteve “envolvido” em grandes produções como CSI: Investigação Criminal e Buffy, a Caça-Vampiros, o suspense sobrenatural tem toques de comédia juvenil e procura remeter-se à história de formação do bairro paulistano, fazendo referências a elementos da cultura japonesa que é bem presente no bairro famoso de São Paulo, o nosso bairro da Liberdade. O resultado é no mínimo duvidoso, pois algumas partes me lembram “Malhação”, mas a presença de Petrie na parte criativa da obra, talvez seja peça-chave para a compreensão do que Spectros representa.

Bairro da Liberdade / São Paulo – SP

Outra coisa que me chateou é que a produção deixa totalmente de lado qualquer valor criativo ou afetivo que poderia vir a ter como por exemplo sua feira, mostrando-se disposta apenas a usar de todas as fórmulas mais batidas do terror (que nosso mestre, Zé do Caixão faria bem melhor!). O problema é que, sem personalidade alguma, Spectros não passa de um Nissin Lámen com tempero de pozinho – tanto para o público brasileiro como para o exterior. Em muitas cenas sequer teve sentido, sem contar o título em inglês que ao meu ver faltou essência.

Em meio a uma trama absolutamente genérica, a trama adolescente que precisa de uma criança para tentar cativar o público são incapazes de cativar a torcida do espectador, não por culpa dos atores, mas pela improdutividade de um roteiro que os coloca para gritar o tempo todo e que só faz reciclar situações já vistas milhares de vezes por aí. A série ainda sofre com uma composição de mitologia limitada, além de contar com um texto repleto de sentimentalismos e discursos de autoajuda nada convincentes.

Spectros / Netflix

O resultado não poderia ser outro, meu pai utilizou muito esse termo óbvio e de senso comum, simbolizando assim algo fraco e já esperado, o lugar e as pessoas que por ali circulam não assusta, não faz rir, não engaja na “aventura” e muito menos dá conta de retratar pontos fundamentais de um bairro tradicional e cheio de particularidades.

É realmente uma pena, por que os atores em sua maioria têm muito potencial, mas parecem carentes de uma direção dotada de bom senso. As tomadas que valorizam os cenários e olham para o que foi apenas uma rua e o que se passou são apenas algumas cenas legais da série, com efeitos visuais interessantes. O roteiro chega a ter momentos controversos ou incongruentes e os diálogos são extremamente artificiais, afastando o espectador automaticamente e quebrando qualquer possibilidade de ligamento e interesse com a história.

Realmente um enorme desperdício de potencial, mas quero deixar claro que os problemas estão na criação/produção, não nos atores, maquiadores e artistas visuais.


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