CASTLEVANIA | Uma temporada sangrenta, madura, mas um pouco enrolada (Crítica da 3ª temporada)
A animação Castlevania da Netflix fez uma grande aposta em sua segunda temporada matando seu principal vilão. Mas como prova a terceira temporada da série animada baseada no famoso videogame, a morte de Drácula é apenas o começo da história de vampiros elaborada com habilidade pelo escritor Warren Ellis, pelo diretor Sam Deats e pelo showrunner Kevin Kolde.
De fato, agora livre do Senhor das Trevas e de seu castelo repleto de monstros, a terceira temporada de Castlevania é capaz de explorar algumas direções novas e interessantes que revelam este mundo como nunca antes. Desde o primeiro episódio, a terceira temporada de Castlevania parece um programa completamente novo, menos parecido com a aventura de terror das duas primeiras temporadas e mais com a intriga política e os jogos de guerra de uma série de prestígio como Game of Thrones.
Em essência, o Lorde das Trevas caído deixou para trás um vácuo de poder em Valáquia e a luta que se segue ocupa grande parte dos 10 episódios da terceira temporada. Mas aqueles que esperam que a conivente Carmilla simplesmente suba ao papel de grande vilã depois que os trailers provocaram isso, alguns fãs ficaram surpresos com a forma como tudo isso acaba se desenrolando.
Na verdade, é difícil dizer muito sobre Carmilla sem estragar nada sobre a direção da série animada nas próximas temporadas, mas uma coisa que posso dizer é que sua corte de amantes e aliados é uma excelente adição ao elenco. Lenore (Jessica Brown Findlay), Morana (Yasmine Al Massri) e Striga (Ivana Millicevic) trazem tanta energia e humor de boas-vindas para a série que eu me vi esperando ansiosamente pela próxima cena delas juntas. Mesmo agora, mal posso esperar para ver o que essas quatro farão na 4ª temporada.
A série também apresenta alguns personagens que você pode reconhecer nos videogames. O mais notável é o conde Saint Germain, um nobre misterioso e de fala mansa que chega à vila de Lindenfeld para investigar um priorado onde monges estão conduzindo negócios seriamente assustadores. Saint Germain é dublado brilhantemente pelo ator veterano Bill Nighy, que traz uma peculiaridade real e um ar de falta de confiabilidade ao personagem que interpreta isso bem ao lado de Trevor Belmont e Sypha Belnades.
Quanto aos nossos amados aventureiros, a terceira temporada os encontra em um lugar estranhamente feliz. Trevor e Sypha solidificaram seu vínculo depois de derrotar Drácula e parece que eles passaram por muitas outras aventuras no momento em que nos reunimos com eles em uma divertida cena de luta no primeiro episódio. A dupla traz uma quantidade surpreendente de humor, e as idas e vindas entre os atores Richard Armitage e Alejandra Reynoso nunca envelhecem. A amizade de Trevor e Sypha realmente se torna o coração desta história à medida que a temporada avança, levando a uma batalha climática em que eles só podem sobreviver confiando um no outro, algo que o último Belmont não seria capaz de fazer nas temporadas anteriores.
Fica de fora da ação Alucard, que infelizmente não tem muito o que fazer nesta temporada. Agora, em um exílio autoimposto depois de matar seu pai, o vampiro passa a maior parte do tempo assombrando os corredores do que resta do castelo de Drácula, bebendo vinho e conversando consigo mesmo. Em uma cena engraçada de jantar lindamente interpretada pelo ator James Callis, Alucard imita Trevor e Sypha, mas o momento também parece um fantasma do passado das estações. É difícil não perder a dinâmica entre esse trio de personagens e é uma pena que Alucard não siga seus amigos em suas aventuras. Dito isto, o exílio de Alucard acaba por levar a um território narrativo interessante e polêmico que não vou estragar e entrar em detalhes aqui.
Também seguimos Isaac e Hector, ex-mestre das forjas dos demônios de Drácula que já foram amigos, mas agora são inimigos depois que Hector traiu seu mestre na segunda temporada. Enquanto a rivalidade de Hector e Isaac é um aceno direto ao jogo Curse of Darkness, sua história não se desenrola como no clássico da Konami. Theo James e Adetokumboh M’Cormack recebem o material mais carnudo da temporada e eles aproveitam ao máximo. Gostei especialmente de M’Cormack como Isaac, cheio de ódio, cuja jornada é uma longa e violenta marcha do deserto para a Europa e acaba sendo uma descoberta de autodescoberta e cura. Isaac também está na melhor cena de luta da temporada.
Muito crédito deve ser dado a Deats e sua equipe na Powerhouse Animation pela direção das sequências de luta, que estão entre as mais ambiciosas já produzidas para a série animada. As lutas deste ano são um pouco (surpreendentemente) menos sangrentas, mas decididamente mais épicas. A luta de Isaac acima mencionada não é apenas massiva, mas também apresenta um nível de verticalidade nunca antes visto na série.
Apesar de toda a ação, humor e intrigas, a terceira temporada de Castlevania sofre com um pouco das famosas barrigas cheias nas produções da Netflix, especialmente no meio da temporada com uma sequência de 2 ou 3 episódios fillers que se arrastam em uma ótima temporada no geral. Às vezes, parecia que a equipe não tinha história suficiente para cobrir 10 episódios, então algumas cenas parecem esticadas até o limite absoluto. Conversas que deveriam ser instigantes e filosóficas às vezes surgem um pouco secas e pesadas. Felizmente, a temporada se autodenomina pelos dois episódios finais, que são cheios de ação e catárticos como o inferno.
Então Drácula ressuscita dos mortos? Todos vocês estão esperando, certo? Afinal, a ressurreição do Lorde das Trevas é o truque mais antigo do livro de Castlevania. O enredo principal da 3ª temporada e os novos personagens que a produção traz são tão cativantes que fazem o reinado de terror de Drácula parecer uma coisa do passado distante, como se o vilão clássico fosse apenas o cenário para uma história muito mais interessante ainda a se contar. A terceira temporada é apenas o começo desse conto com a promessa de muitas reviravoltas nessa ótima série animada.
Trailer:
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