Novidades

MAMÃE, MAMÃE, MAMÃE | Instavelmente emocionante (Critica) - 44° Mostra SP

Tratar o luto e as mudanças físicas e emocionais é algo que pode se tornar extremamente desafiante, mas a novata diretora argentina Sol Berruezo Pichon-Rivière acabou misturando suas experiências especiais e criou uma história puramente feminina sobre os abismos psicológicos e emocionais que espreitam a morte, uma intrusa que espera do lado de fora em todos os lugares e que encontrou seu caminho para o mundo simbólico protegido de uma infância aparentemente intocada pelas preocupações dos adultos. 

O longa trabalha inicialmente com Cleo (Augustina Milstein),uma jovem menina de 12 anos, a morte acidental da irmã mais nova Erin (Florencia Gonzalez) marca um triste adeus a uma inocência que se revela como uma construção mais repressiva de uma vida sem surpresas. Por trás disso está a ignorância e a passividade idealizadas, que tornam a protagonista e suas primas vítimas fáceis e objetos condicionados de uma sociedade tendenciosa.

Cena do filme Mamãe, Mamãe, Mamãe (Mamá, Mamá, Mamá/Mum, Mum, Mum) – Foto: Divulgação

Na companhia das primas Nerina (Chloé Cherchyk), Manuela (Camila Zolezzi) e Leonica (Matilde Creimer Chiabrando), que vieram com a tia (Vera Fogwill), Chloe procura formas de expressar a sua dor. Os jogos infantis tornam-se rituais bizarros, enquanto o clima de verão, ofuscado pela dor e pelo medo da perda, torna-se cada vez mais opressor. O início de uma ação desloca um simbolismo que gira em torno de tabus, repressão e sexualidade, que oscila entre a sensibilidade artística e a artificialidade. 

Em cenas cujos detalhes cuidadosamente compostos lembram a pintura de gênero, Sol Berruezo Pichon-Riviére examina os caminhos de tortura da dor infantil. A causa disso aponta para os perigos onipresentes, regulamentos e proibições na sociedade cristã patriarcal da Argentina, com os quais os protagonistas são confrontados em vários graus. A inspiração em um mundo infantil dominado por uma tristeza silenciosa e um medo vago é cativante para pretensão atmosférica que o longa prega.

Cena do filme Mamãe, Mamãe, Mamãe (Mamá, Mamá, Mamá/Mum, Mum, Mum) – Foto: Divulgação

Mesmo com pouco, a diretora Sol Berruezo Pichon-Riviére trabalha de forma convincente e o elenco totalmente feminino passa um mix de sentimentos sobre o que toda garota sofre na importante fase de transição da juventude. No geral, a película é instável e o ritmo começa a se tornar envolvente pela sua estética atraente, o que acaba definindo a produção como um drama instável que alcança seu trabalho de emocionar, mas se tivesse seguido um caminho mais estável e explicativo, poderia se tornar uma grande obra para a novata diretora que tem um futuro promissor.

*Filme assistido na 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, para mais detalhes, acesse: https://44.mostra.org/


Trailer:

Nenhum comentário