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AS VEIAS DO MUNDO | O amadurecimento no meio de um caos (Crítica) - 44° Mostra SP

Retratando por meio de um olhar jovem as pressões enfrentadas pelo estilo de vida nômade da Mongólia e no ambiente que o sustentou, As Veias do Mundo (Veins Of The World) é um drama sublime e que foi dirigido pela diretora Byambasuren Davaa. No filme acompanhamos Amra (Bat-Ireedui Batmunkh), um menino de 12 anos que se debruça sobre clipes de cantores no Youtube e fantasia sobre competir no Mongolia’s Got Talent. O garoto acaba vendo seu estilo de vida sendo transtornado quando seu pai morre em um acidente de carro. A sobrevivência tem precedência e acima da educação e de seus sonhos acalentados o jovem decide ir trabalhar para garimpeiros ilegais de mineração que estão maltratando as terras do seu país e aqui o garoto viverá um dilema de que está atitude é ou não a melhor maneira de homenagear seu pai e sua família.

Cena do filme As Veias do Mundo (Veins Of The World) – Foto: Divulgação

Com certa ingenuidade na narrativa, o significa que o filme pode ser mais adequado para o público jovem, entretanto o ponto-chave de desenvolvimento da narrativa do filme fica por conta da roteirista e diretora Byambasuren Davaa, que acaba sendo prejudicada por um título um pouco desconcertante, As Veias do Mundo (Veins Of The World) transmite uma autenticidade íntima quando se trata de retratar a vida de pastores nômades mongóis. Mais do que uma curiosidade etnográfica, o filme em sua forma sutil mostra com coração o ambiente de um país pouco explorado. 

Mas se o longa tivesse imposto um tom mais sombrio, alguns espectadores poderiam achar o filme mais interessante e com o desenvolvimento melhor, pois a diretora prega momentos leves em algumas cenas e acaba passando uma mensagem de que o filme serve como compreensão para um público mais jovem. Mesmo assim, a película se destaca com uma impressionante cinematografia que acaba fazendo um uso eficaz do enredo dramático e da paisagem mongol. 

Cena do filme As Veias do Mundo (Veins Of The World) – Foto: Divulgação

Temos cenas com montanhas imponentes e um vasto céu aberto, o que coincide com as mudanças na vida da Mongólia, que possui uma paisagem tão vulnerável quanto os personagens do filme. Amra que de alguma forma desenvolve um senso de orgulho em tentar contribuir para sua família acaba também analisando seus encontros com os membros da indústria de mineração, retratando as dificuldades interessantes desses trabalhadores.

A família também aparece bem aqui, como o relacionamento de Amra com sua mãe Zaya (Enerel Tumen). Ambos perdem alguém em suas vidas e ambos precisam descobrir como o outro está lidando. Mas desde que Amra é uma criança, Zaya é quem está fazendo o trabalho. Tudo isso acontece de forma singular o que acaba deixando As Veias do Mundo (Veins Of The World) de forma geral, como um longa que podia ter explorado ainda mais os sentimentos do menino.

*Filme assistido na 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, para mais detalhes, acesse: https://44.mostra.org/


Trailer:

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