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MULHER-MARAVILHA 1984 | Amor, diversão e esperança em um ano sem maravilhas (Crítica)

Toda longa de super-herói quando faz sucesso é inevitável que acabe ganhando uma sequência e isso aconteceu com a maior heroína do mundo, a Mulher-Maravilha. Logo em sua abertura elétrica que mostra um estádio cheio de mulheres aplaudindo as acrobacias das melhores amazonas da ilha, percebemos que tanto Warner como a diretora Patty Jenkins não estão para brincadeira com o longa que marca como o primeiro filme de super-herói a ser lançado durante a pandemia.

Cena do filme Mulher-Maravilha 1984 / Warner Bros. Pictures – DC Entertainment

Fora do cenário glorioso dos flashbacks, encontramos Diana Prince (Gal Gadot), totalmente crescida no meio da década de 80 consumista. Com cabelo grande, roupas brilhantes e mercadorias fetichizadas, as mulheres são objetivadas e todo mundo está atrás de um esquema para enriquecimento rápido. Diana está totalmente integrada à sociedade e trabalhando duro em seu emprego no Smithsonian, enquanto como heroína ela é rotineiramente discreta salvando o dia, evitando um acidente de carro aqui, parando um assalto ali.

Diana está bem, mas não está feliz. Desde a morte de Steve Trevor (Chris Pine), ela se tornou solitária e com poucos amigos. Então, quando a nova e atrapalhada colega de trabalho Barbara Minerva (Kristen Wiig) a procura por companhia, ela responde na mesma moeda. É um momento de amizade feminina que é raro nos filmes de quadrinhos, que não costumam ter uma superabundância com personagens femininas e é apenas um dos muitos detalhes que fazem Mulher-Maravilha 1984 se sentir muito diferente do que estamos acostumados em ver nos filmes de super-herói.

Cena do filme Mulher-Maravilha 1984 / Warner Bros. Pictures – DC Entertainment

Isso não quer dizer que o longa é frívolo, pois Mulher-Maravilha 1984 é um conto de advertência, uma história de moralidade moderna alertando contra a ganância, o egoísmo e os excessos do capitalismo. Temos uma distopia ameaçada aqui, no entanto, o ano de 1984 nos apresenta um espelho de onde estamos hoje ou talvez onde estaríamos se a pandemia não nos tivesse atingido.

Na história, Gal Gadot está bem mais a vontade no papel como uma Diana Prince linda, confiante e forte. Já Kristen Wiig consegue fazer o contrário com Barbara Minerva, uma personagem insegura, nervosa, desajeitada e que no decorrer do filme acaba lutando por atenção. Já Pedro Pascal atua de forma convincente como o astuto e rico magnata dos negócios Max Lord, o personagem é um grande mentiroso e picareta que faz de tudo para querer o que ele quer (como poderes de riqueza e desejos pessoais), Lord tem a astuta até de ludibriar a inocente Bárbara. Com o trio principal tendo contato com a peça-chave que possui poderes mágicos, falta somente uma cereja no bolo, o reaparecimento de Steve Trevor (Chris Pine), que retorna de um jeito fantasioso e com uma vibração retro que captura o coração e o espírito oitentista onde o longa é nos apresentado.

Cenas do filme Mulher-Maravilha 1984 / Warner Bros. Pictures – DC Entertainment

Mulher-Maravilha 1984 traz alguns detalhes favoritos dos fãs para Diana e apresenta grandes cenários de ação que nos levam ao redor do mundo, embora também tenha uma forte mensagem antiviolência. É muito mais gentil com seus vilões, incluindo capangas aleatórios. Se Diana foi elogiada como uma grande modelo para as meninas no primeiro filme, isso é ainda mais verdadeiro aqui, em parte porque ela mesma é imperfeita e precisa aprender uma lição. Ela pode ser uma semideusa, mas ninguém é perfeito.

A dinâmica entre Diana e Steve do primeiro filme é invertida aqui também. Agora ele é o peixe fora d’água, surpreso e confuso com as coisas do ‘seu futuro’, como escadas rolantes, calças de paraquedas e até esculturas com formas estranhas. Mulher-Maravilha 1984 é uma obra que mesmo acertando bastante acaba sendo falha em alguns pontos, como o CGI não tão polido e algumas cenas de ação um pouco limitadas em um enredo que acaba abordando alguns assuntos interessantes e usam estes mesmos pontos para que ocorra uma saída fácil para não se comprometer em algo totalmente complexo em seu desfecho.

Cena do filme Mulher-Maravilha 1984 / Warner Bros. Pictures – DC Entertainment

No geral, Patty Jenkins tem mais liberdade criativa para colocar sua visão plena do que ela gosta e quer transmitir em Mulher-Maravilha 1984. A diretora acaba solidificando um estilo visual claro e define uma mensagem de esperança, verdade, bondade e compaixão em um filme cheio de amor, esperança, brilhantismo, vibração, energia e diversão.


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