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O PODEROSO CHEFÃO – DESFECHO: A MORTE DE MICHAEL CORLEONE | Crítica do filme



Em toda trilogia, sempre temos um filme que não agrada o público ou não chega próximo ao patamar do primeiro filme que fez um enorme sucesso. Está lógica cai até para uma das maiores trilogias do cinema, O Poderoso Chefão, que tem a sua terceira parte como a menos amada da trilogia e em grande parte por causa dos outros dois longas estarem nas listas dos melhores filmes já feitos na história da sétima arte.

Obviamente que o último filme desta magnifica trilogia sofreu com a intromissão dos engravatados da Paramount e Coppola acabou não implementando a sua visão geral no longa. Após 30 anos do lançamento do filme que encerra O Poderoso Chefão, o prestigiado diretor teve a chance de tirar e implementar algumas cenas que acabaram não satisfazendo-o, aqui ele cortou cerca de 20 minutos de flacidez do que foi um filme muito corpulento e também retrabalhou a introdução, jogou um monte de coisas chatas da cerimônia papal no lixo e ajustou o final. Com isso, ele deu até o nome que ele queria para a obra na época, que é O Poderoso Chefão – Desfecho: A Morte de Michael Corleone.

Este novo corte corrige vários erros, oferecendo uma finalidade à história de Michael Corleone, onde antes havia ambiguidade. Um tempo de execução mais curto e a reestruturação das cenas também tornam a duração do longa muito mais convidativa. O início da trama é sem enrolação e a nova sequência de abertura mostra Michael (um Al Pacino de cabelo grisalho) encontrando o banqueiro corrupto do Vaticano (Donal Donnelly), o que acaba fazendo uma clássica referência a lendária abertura do primeiro filme, de 1972, onde o pai de Michael, Vito (Marlon Brando), recebe pedidos de seus serviços, envolto nas sombras de seu escritório ornamentado.

Francis Ford Coppola disse que sua edição aqui é pessoal, não apenas artística. Sua filha Sofia Coppola, agora um gênio da direção igual a seu pai, recebeu grande parte do desprezo dirigido a versão original do longa quando foi lançado nos anos 90. Coppola falou sobre o trabalho emocional que isso exigiu e percebemos com este novo corte que Sofia Coppola não é tão má assim. Ela traz um desejo melancólico e imaturo, e elaborar um papel desafiador no último minuto para viver uma personagem central como Mary Corleone (a atriz Winona Ryder desistiu de atuar no filme na época das filmagens) fizeram Francis Ford Coppola sofrer durar acusações de nepotismo. 

No entanto, a nova edição acaba dando uma glamourizada na atuação que em certos momentos é forçada, mas passa a sensação de que a personagem é assim mesmo, o que faz com que o retrato de Mary Corleone, que deseja o seu primo Vincent (um arrojado Andy Garcia) se torne o coração de uma história desoladora e observando isso 30 anos depois, acabamos percebendo que o desempenho é excepcionalmente sensível.

Claro, há muito que você pode polir e O Poderoso Chefão – Desfecho: A Morte de Michael Corleone continua sendo o filme mais fraco da franquia Poderoso Chefão, pois a história não é tão boa, as atuações e o roteiro com os maneirismos dos anos 90 não são da mesma qualidade dos dois filmes anteriores e uma atuação passiva de Al Pacino como protagonista deixam a película como uma passagem de bastão para o que poderia ser o futuro da franquia com novos filmes. Esse novo corte reposiciona o longa como um desfecho, mesmo que seja um desfecho na “famiglia da máfia”, passando para o espectador uma vivacidade surreal ao final de Michael Corleone

A audaciosa cena de “confissão” de Michael com o cardeal que mais tarde se tornaria o Papa mostra todo o peso que o personagem carregou com suas cruéis decisões, de certa forma temos uma cena melodramática que nos passa que Michael está querendo se livrar dos seus demônios que ainda pulsam no seu interior.

No geral, O Poderoso Chefão – Desfecho: A Morte de Michael Corleone é uma grande melhoria em relação a sua encarnação anterior e serve como um epílogo da saga Corleone, vale a pena fazer um esforço para observar um cachorro velho ensinando novos truques para uma nova geração e também passa um lembrete aos saudosistas de que este terceiro filme tem seus problemas sim, mas ele é bem melhor do que muitos julgavam.

Nota: 3,5 / 5


Trailer:

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