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DORA E A CIDADE PERDIDA | Uma divertida aventura típica da "Sessão da Tarde" (Crítica)

Sucesso absoluto entre os pequeninos, “Dora, a Aventureira” segue a fórmula de produções televisivas que acabam ganhando uma versão cinematográfica. Na maioria das vezes esses filmes acabam pegando pouco do que aquele show televisivo transmitia para o seu expectador fanático, entretanto, a versão em live-action da exploradora Dora consegue capturar o otimismo brilhante e alegre do programa, traduzindo-o efetivamente para uma aventura familiar de ação.

Logo de cara a adorável Dora (Isabela Moner ou Isabela Merced agora que ela trocou seu nome artístico) quebra a 4ª parede e fala com a plateia em um momento bem típico da personagem. Dora adora explorar a selva e conhece praticamente tudo, mas antes temos um pequeno prólogo que mostrar a nossa grande aventureira com a idade em que ficamos conhecendo ela, aqui a imaginação fértil de uma criança em uma floresta é impulsionada pela sua mochila falante, o que passa estranheza para seus pais que são interpretados por Michael Peña e Eva Longoria (que está um pouco acima do peso, rs).

(Dora e a Cidade Perdida / Paramount Pictures)

A produção é uma aventura empolgante para as crianças e a história se esforça em abraçar todos os públicos também, isso é uma determinação bem admirável do script, principalmente quando conhecemos pela primeira vez o nosso adorável macaco Botas se interagindo com Dora e seus pais. Com o breve passado que conhecemos, o filme rapidamente avança 10 anos, quando Dora, agora adolescente, é enviada para morar com seu primo e melhor amigo de infância, Diego (Jeff Wahlberg), na “cidade grande”, que fica nos EUA, obviamente.

Aqui vemos Dora encarando de forma bastante cômica a selva de pedra e também uma selva de caos que é o ensino médio, as cenas são bem encaixadas e bem desafiadoras para nossa heroína que é um tanto ingênua, mas incansavelmente alegre. Depois que os pais de Dora desaparecem misteriosamente enquanto procuram a antiga cidade inca de Parapata, a Cidade Perdida do Ouro. Dora, Diego, Randy (Nicholas Coombe) e a garota meio malvada Sammy (Madeleine Madden) são sequestrados por mercenários que acreditam que Dora pode ajudá-los a localizar seus pais para chegarem em Parapata e pegar seus tesouros incalculáveis. Cabe então a Dora e seu conhecimento da floresta tropical guiar seus amigos, encontrar seus pais e tentar expulsar os ladrões da trilha antes que eles cheguem lá primeiro.

Quando o filme chega à selva, ele encontra seu caminho como uma história de aventura direta para todas as idades e misturada com os tipos de mistérios que Dora costumava descobrir em sua encarnação animada. Os cenários são claramente impressionantes e o CGI bastante rústico usado para renderizar o animal do mal chamado Raposo me incomodou muito, já a caracterização do Botas que é o macaco estava bem satisfatória, mas como o longa é voltado para o público infantil, ver esses famosos animais interagindo com a “Dora em carne e osso” é bem aceito e isso acaba dando um up na aventura infantil.

Tanto para os adultos e crianças, as referências com os personagens e alguns trechos das músicas de Dora e aquelas rápidas investidas além da quarta parede acabam arrancando boas risadas da plateia, aqui temos a adição de um adulto que se chama Alejandro Gutierrez (interpretado por Eugenio Derbez) e ele acompanha os jovens na jornada no meio da selva, o que deixa adultos mais tranquilos. Entretanto, Alejandro é bem medroso e o personagem acaba gerando momentos engraçados, especialmente com uma sequência hilária na qual Dora, Alejandro e seus amigos absorvem alucinógenos e se transformam em homólogos animados, praticamente iguais da famosa animação da pequena aventureira.

(Dora e a Cidade Perdida / Paramount Pictures)

Comandado pelo experiente James Bobin (Alice Através do Espelho e Os Muppets), aqui o diretor consegue intensificar a presença de Dora com closes que mostram os diferentes sentimentos de uma adolescente que se sente desajustada e está acostumada com uma vida mais selvagem. Claro que o filme tem um plot twist quase que óbvio, mas a forma com que ele se encaixa é até compreensível e Bobin não deixa as coisas tão bobas (me desculpem pelo trocadilho!) nesta boa aventura.

A grande força para o longa ser digerível está no poder de atuação de Moner/Merced, uma presença atraente que traz calor e entusiasmo genuíno aos momentos mais provocativos do filme, ela ainda encontra o caminho estreito e correto para se adequar entre criança e adolescente, sem ceder à ironia ao longo do caminho. O resto do elenco é adequado, e Peña, como sempre, ajuda com sua graça ao ser um produto mínimo viável e consistente.

Por ter uma forte presença latina, tanto com personagens e a maior parte da história, o longa consegue explorar momentos emotivos que podem até trazer uma ou duas lágrimas aos olhos dos pais pelos momentos de drama em que nossa adolescente aventureira acaba passando, fora ainda que o filme pode tocar na lembrança nostálgica de alguns pais de como era assistir o programa original repetidas vezes com seus filhos, uma lembrança que pode gerar mais afeições entre adultos e crianças.

Dora e a Cidade Perdida agrada por acertar no que o material original sempre ofereceu, aqui os produtores não tiveram vergonha de colocar a menina estranha e as vezes irritante como essa figura que os adultos sempre apontavam no auge da animação. E isso é ótimo, o filme usa e abusa de um longa infantil agradável e gostoso de assistir e se divertir em uma “Sessão da Tarde”. Fora ainda que a história mistura um pouco de os Goonies e Indiana Jones, o que serve de trampolim para a criançada entrar de cabeça em produções que seguem esse estilo, claro que o longa possui saídas fáceis e algumas pontas soltas que não foram explicadas com clareza, mas tudo bem, aqui temos uma produção voltada para o público infantil (vou repetir isso sempre!) e isso não tira o brilho de um filme que deve divertir as crianças e quem sabe até os adultos.

(Dora e a Cidade Perdida / Paramount Pictures)

Espero que futuras adaptações sigam o exemplo desta película, um filme que não tem vergonha de dar a cara tapa com o material original e que também consegue ousar em transmitir um mix de sensações, mesmo que algumas sejam clichês, para quem está assistindo, uma boa adaptação da nossa Dora, a Aventureira.


Trailer:


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