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TOMB RAIDER | Sem mimimi e com uma protagonista que sua a camisa, filme é um oásis no gênero (Crítica)

Faltou. Faltou coragem. Sabe aqueles momentos que algo que é bom poderia ser excelente, pois é. Às vezes não é o detalhe que faz a diferença, mas a coragem. Nesse caso aqui é o caso. O diretor Roar Uthaug perdeu a oportunidade de criar um clássico, mas tudo bem diante do conceito do filme isso passa.

Pois é, Tomb Raider (Warner Bros/Metro Goldwyn Mayer/Square Enix/GK Films, 2017, Roar Uthaug) tinha tudo pra quebrar barreiras e ser um dos melhores filmes dessa década, falo sério. A premissa foi dessa vez não inventar uma história que tornasse a exploradora (agora juvenil) Lara Croft (Alicia Vikander, dando conta do recado) em super-heroína e sim um filme mais sério, baseado no jogo do ano de 2015, quase que um live action, apesar da forte produção.

Vikander e o game. Muitas semelhanças.

Esqueça Angelina Jolie e seus socos em tubarões, esqueça (tudo bem que ela é ainda muito bonita, e que o seu filme foi claramente focado na ação), aqui o papo é reto. Bora ao roteiro. Lara ainda é a filha de um lorde inglês, que esconde uma vida dupla da filha e foi criada como uma para-militar com seus momentos (atirar flechas como o Rambo, por exemplo), aqui Larinha faz academia, apanha, toma porrada e anda de bicicleta por exemplo.

O lorde inglês Richard Croft (Dominic West, irretocável), some no mundo e deixa para a filha, além de um legado de riqueza, um mistério sobre uma ilha e uma obsessão com uma profecia de uma imperatriz japonesa (Himiko, como no game) que poderá trazer o apocalipse se tiver seu repouso maculado. Depois de finalmente aceitar tomar conta do espólio da família, Lara encontra uma mensagem cifrada de seu pai e ai a aventura acontece.

No mato sem cachorro.

Viajando de mochilão para o Oriente, após quase morrer na mão de assaltantes, ela conhece o marujo Lo Ren (Daniel Wu, de Into the Badlands, com a competência de sempre) e se lança no mar. A partir daí o diretor, a partir do roteiro de Ewan Dougherty e Geneva Robertson-Dworet, adapta bem os acontecimentos do game e põe Lara pra sofrer no mato sem cachorro. Fica também notável a presença do vilão, Mathias Vogel (Walton Goggins em ótima atuação), um homem obcecado, perturbado e sem escrúpulos.

Aqui fica a deixa pra crítica do filme. Tomb Raider mesmo com duas partes muito distintas, consegue ser acima da média, Alicia brilha e mostra o talento de filmes como Ex Machina e justifica o porquê de estar na pele de uma heroína de peso. A primeira parte que é focada no survival é brilhante. Duvido você descolar da tela e se você gostou do game de 2015, vai ver as referências pulando na sua cara, olho nesse diretor, por que esse cara mostrou que sabe como tratar filmes pesados e de muitos fãs como esse.

Pois bem a segunda parte, introduz uma Lara mais próxima ao que conhecemos. Antes há uma parte que faz referência a Náufrago e o excelente Abismo do Medo. Mas a partir daí o filme pisa no acelerador e se resolve, mas sem perder de vista a ligação com o enredo do prequel, e faz referências ao grande Indiana Jones, ainda que pequenas em algumas partes. Há um pequeno gancho pra uma continuação no final mas é cedo pra pensar se terá uma.

Enfim Lara está de volta em grande estilo, e o diretor Uthaug demonstra tato pra grandes produções ao tratar um filme aparentemente blockbuster com um viés quase Joker e me pergunto como esse filme teria ficado se ele tivesse tido a vibe (e a coragem) de levar dois atos no mesmo ritmo da primeira parte. Um clássico com certeza. Galera essa é minha estréia (agora sim) aqui no Protocolo e pretendo trazer muitas (e boas) críticas e matérias pra vocês, obrigado pelo apoio e até a próxima.

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