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SUPERMAN: RED SON | Mesmo entre a foice e o martelo, Superman sempre será o Superman (Crítica)

Em um cenário político tão dividido como temos nos dias de hoje, Superman: Red Son (Superman: Entre a Foice e o Martelo), animação lançada agora em 2020 mas baseada em uma minissérie lançada em 2003 por Mark Millar, no selo Elseworld, que nos apresenta uma versão de Kal-El que não foi criado pelos Kent, nunca foi tão atual. Na trama, a nave do último filho de Krypton cai em uma fazenda coletiva na Ucrânia, parte da União Soviética e comandada por Stalin.

Temporalmente, a história se passa entre os anos de 1953 e 2001, andando em paralelo com o desenvolvimento da Guerra Fria e o conflito velado entre EUA e URSS. Superman: Red Son conta com um amplo leque de personagens clássicos da DC, em versões alternativas. Temos além do Superman criado pelos comunistas, um Batman também soviético, que é contra o regime, a Mulher-Maravilha que tenta ser uma ponte entre os dois lados, a Tropa dos Lanternas Verdes criada por Lex Luthor, que aqui é um dos “mocinhos”, casado com Lois Lane e encarregado de enfrentar a ameaça comunista, Superman.

Lex Luthor e sua esposa Lois Lane Luthor

A animação vai correndo ano a ano apresentando rapidamente o desenvolvimento de seu protagonista. A infância do Superman é brevemente retratada e já passamos para o momento em que o herói é apresentado publicamente pelo governo soviético e seu líder, Stalin.

Causando dúvidas e preocupação nos estadunidenses, em especial em Lex Luthor, o Superman salva metrópolis e conhece Lois Lane Luthor. Desse encontro, surge a faísca para o Último Filho de Krypton se vire contra seu governante soviético e tome para si a URSS, fazendo de fato valer os ideias comunistas pregados por Stalin, construindo uma nação onde há de fato igualdade. Isso é o que ele acha!

A versão do Superman apresentada em Red Son em muitas vezes se assemelha ao que temos em Injustice, com um Super que impõe a sua vontade, independente do que os outros acham. Mas que em sua raiz, principalmente quando os EUA estão no debate, mostra que um pouco de Clark Kent reside ali, mesmo que nessa história, ele mal faça ideia de quem os Kent são. Vemos essa versão mais próxima do original do Super, principalmente quando ele é questionado sobre atacar os Estados Unidos para impor sua ideologia, algo que ele sempre refutou fazer, mesmo que quando o assunto fosse atacar qualquer outro país, ele sequer pestanejasse.

Temos a apresentação rápida e um pouco aleatória da Mulher-Maravilha, que praticamente em nada acrescenta a trama da animação, tentando ser apenas uma ponte entre os governos, sendo ali basicamente um easter-egg. Também vemos a Tropa dos Lanternas Verdes, que tem uma breve introdução e traz Hal Jordan e John Stewart, mas que após enfrentar Superman, some sem deixar vestígios e explicações. Talvez a melhor aparição tenha sido a do Batman, esta mesmo também sem muita apresentação e explicação de seus motivos.

Batman surge como um inimigo do regime implantado por Superman, e como se é esperado, mostra que está sempre preparado para enfrentar qualquer inimigo, mesmo que ao final acabe sendo derrotado. E o que falar de Lex Luthor? Em Superman: Red Son, temos um Luthor que mostra alguns de seus traços característicos clássicos, mas foge do mais básico do personagem. Agora ele é de fato um mocinho! Mesmo que seja capaz de qualquer coisa para atingir seus objetivos, ele aparenta ser uma boa pessoa, que busca vencer a guerra contra o Superman comunista.

Ao fim, o grande vilão da história se mostra, sem praticamente desenvolvimento nenhum durante toda a produção, contando somente com o que conhecemos de obras anteriores.

Superman: Red Son tenta contar sua história se baseando em alguns fatos históricos reais, mas não consegue deixar de puxar a sardinha quando pode para o modelo de sistema capitalista. Sabemos quem de fato venceu a guerra fria e nossa sociedade é baseada em um reflexo disso, então não poderia ocorrer de forma diferente em uma HQ que busca trazer, a sua maneira, uma história fictícia mas que beira a realidade.

E como disse no título, Superman sempre será o Superman, ponto! Mesmo que, a certo ponto ele esteja cego por seus ideais, se tornando um tirano, ele acaba por perceber que impor a sua vontade não era o correto. Vemos que o herói acredita que está agindo pelo bem de todos, mas também que ele foi usado como marionete durante todo o tempo em que liderou o país soviético. O artifício utilizado para que ele “caia na real” se parece mais com roteirismo e simplificação para encerrar rapidamente a história, mas ao olharmos mais a fundo, vemos que era apenas um fio de dúvida que restava para que ele tivesse a certeza do caminho certo a seguir. Confuso? Talvez, mas faz muito sentido!

Como se é de esperar de uma animação da DC Comics, Superman: Red Son não deixa nada a desejar nos quesitos técnicos. Os traços, as paletas de cores utilizadas e também cada uma das vozes escolhidas caem como uma luva e ditam o ritmo da história. Mesmo que por vezes ela possa parecer corrida para condensar uma minissérie de 3 capítulos em uma produção de 84 minutos, a base da HQ está presente ali. Realmente a DC chegou a um patamar diferenciado em suas animações, mesmo nessa que deixa a desejar em alguns momentos.

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