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RAYA E O ÚLTIMO DRAGÃO | Tudo é questão de confiança! (Crítica)

Inspirando-se na cultura do sudeste asiático para criar um mundo fantástico e contar uma história poderosa sobre confiança em uma época em que precisamos dessa lição, a Disney lançou Raya e o Último Dragão, nova animação do famoso estúdio que traz uma fórmula já conhecida, mas de um jeito repaginado e bastante encantador.

Raya e o Último Dragão / Walt Disney Studios – Foto: Divulgação

Os animadores derramaram sua alma na criação deste mundo mítico do sudeste asiático com todos os detalhes intrigantes e inimagináveis. As diferentes terras que compõem a antes unida nação de Kumandra e que agora está dividida em Heart, Fang, Spine e Tail, onde todas tem seus próprios estilos e habilidades específicas e são visualmente espetaculares. Os ambientes têm uma aparência hiper-realista que ajuda os personagens e criaturas deste mundo a se integrarem tão lindamente. Você pode dizer que eles queriam representar a comunidade com respeito e precisão, trazendo suas culturas e tradições para o primeiro plano.

 O filme animado usa uma mistura única de cultura, história e tradição asiática como um recipiente para um mundo duro e que contém tanta vida. Da comida à arquitetura e guarda-roupas, há uma riqueza satisfatória nos visuais e nos detalhes. É um dos primeiros filmes de animação em muito tempo que me fez querer viver em seu mundo devido à sua beleza. Embora seja claramente um filme da Disney, a equipe de animação brincou com diferentes estilos de arte e prestou homenagem em vários estilos do oriente.

Raya e o Último Dragão / Walt Disney Studios – Foto: Divulgação

O filme dá uma explicação de como as nações destruídas de Kumandra foram unidas, mas por causa das disputas humanas, elas se dividiram e soltaram espíritos negros chamados Druun, que transformam tudo que vivia em seu rastro em estátuas. Raya, uma jovem princesa guerreira que vive em Heart, junto com seu pai, Chefe Benja e eles são os únicos protetores da Pedra do Dragão, que foi criada pelo último dos dragões mágicos para protegê-los dos Druun.

Benja convida os líderes de outras terras para uma festa na esperança de se unir e fazer um futuro melhor para sua filha. Raya faz amizade com Namaari, uma princesa da terra de Fang que compartilha um interesse comum por dragões. Quando Raya mostra a joia a Namaari, ela tira proveito da confiança de Raya e tenta levar a joia para sua terra. Isso resulta em todos os líderes discutindo, quebrando a gema e o Druun sendo solto. Seis anos depois, Raya se propõe a despertar a dragão mágica Sisu e reunir as peças para restaurar a joia e a nação.  

A narrativa do filme apresenta um tema de confiança relevante no momento. Raya experimenta uma traição shakespeariana de Namaari, de quem ela simplesmente queria fazer amizade e ver os efeitos do que ela enfrentou faz você simpatizar com a protagonista, validando completamente seus problemas de confiança. Quando a mais velha e fria Raya desperta a dragão mágica Sisu, o tema da confiança torna-se o cerne do filme. Sisu é um contraste direto com Raya, pois ela é bastante otimista e prestativa em quase todas as situações. Como Sisu não vê o mundo há 500 anos, ela está um pouco inconsciente com o quão cruel isso se tornou.

Raya e o Último Dragão / Walt Disney Studios – Foto: Divulgação

O roteiro da animação foi feito por Qui Nguyen e Adele Lim, e percebe-se que eles se comprometeram com as ideologias contrastantes, pois eu vi muito de mim nas personagens principais. Eu vi muito do meu eu atual em Raya, a pessoa fria, um guerreiro solitário que tem dificuldade em confiar em algumas pessoas por já ter sido enganado por aqueles com quem eram gentis comigo. Eu vi muito do meu eu mais jovem em Sisu também, que tenta ver o lado bom de todos. Os roteiristas fizeram um ótimo trabalho destacando essas características e a história que contam nesta grande aventura acaba embarcando em um enredo absolutamente fascinante para um mundo sem esperança e confiança no qual estamos vivendo hoje.

Os personagens de apoio são todos humanos simpáticos, mas complexos. Raya e Sisu encontram companheiros para se juntar a elas em sua jornada, incluindo um empresário de 10 anos, um gigante guerreiro e uma bebê vigarista e fofa com sua própria equipe de criaturas semelhantes a macacos que lidam com uma perda em um período tão angustiante. Confesso que estás adições durante o longa animado foram me incomodando, mas a amarração no final com a lição moral que a animação passou me fez parabenizar a produção pelo acerto em envolver esses personagens, que são tão interessantes quanto Raya e Sisu. O filme é relativamente sombrio e os momentos emocionais desses personagens parecem muito reais, especialmente com a atual situação de pandemia, onde muitas pessoas tiveram que enfrentar tragédias semelhantes e isso não ameniza a crueldade do mundo e o peso da perda. 

Raya e o Último Dragão / Walt Disney Studios – Foto: Divulgação

Raya mantém um tom consistente na trama e equilibra de forma magistral os momentos de comédia e ação. As sequências de luta são brutais, especialmente nas cenas com Raya e Namaari lutando, pois tudo ali é bem coreografado e o design de som conforme seus socos e chutes são acertados é bem eficaz. Fora ainda que a trilha sonora de John Newton Howard complementa cada cena do longa animado, que carrega sua própria identidade para manter um grande encanto do espectador pela jornada da protagonista.

No geral, Raya e o Último Dragão é uma grande obra da Disney, o filme encanta com uma história moderna sobre uma princesa guerreira em um enredo que passa uma grande lição sobre confiança em um mundo sem esperança.

Trailer:

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