Novidades

O PROTOCOLO DE AUSCHWITZ | O importante relato brutal sobre a maldade dos nazistas (Crítica)

Considerando quantos filmes foram feitos sobre o Holocausto, é surpreendente que a história de dois judeus eslovacos, Alfred Wetzler e Walter Rosenberg (também conhecido como Rudolf Vrba), seja tão pouco conhecida. Afinal, esses dois homens que escaparam de Auschwitz em 1944 salvaram a vida de mais de 100.000 judeus.

O Protocolo de Auschwitz / A2 Filmes – Foto: Divulgação

O Protocolo de Auschwitz retrata as condições brutais no campo de concentração nazista, mas também como os prisioneiros de várias nações ajudaram Wetzler (Noel Czuczor) e Vrba (Peter Ondrejick) a escaparem para o que eles puderam revelar ao mundo o que os alemães estavam tentando esconder. Antes de partirem, Wetzler e Vrba recebem evidências para trazer com eles, incluindo um mapa do campo com base em registros alemães de quantas pessoas foram mortas e significativamente um rótulo de uma lata de Zyklon- B, o gás à base de cianeto que foi usado para matar mais de um milhão de judeus prisioneiros de guerra, entre outros. Como dizia os prisioneiros que os ajudaram: “Já estamos mortos. Fazemos por quem vive.”

A fuga do acampamento é apenas o começo de uma jornada traiçoeira de 15 dias que inclui evitar soldados alemães e superar obstáculos físicos. Mas também há poloneses e eslovacos que os alimentam e os ajudam arriscando suas próprias vidas. Quando é sugerido que descansem um pouco, eles se recusam porque sabem que cada hora que atrasa significa que milhares de vítimas inocentes serão mortas. Quando eles finalmente conseguem chegar em segurança, eles enfrentam outro problema: convencer os forasteiros de que Auschwitz é um campo de extermínio e não um campo de reassentamento em que os nazistas encobriram e que a Cruz Vermelha acreditou.

Constituindo uma parte importante da história, O Protocolo de Auschwitz mostra com clareza o relatório de Vrba e Wetzler, apontando como foi fundamental eles exporem os crimes nazistas. O filme de Peter Bebjak mostra isso em tons pastéis, usando uma série de ângulos de câmera criativos e fotos memoráveis ​​para dar vida à realidade nua e crua. Está fuga de Auschwitz documenta esse ato de resistência que culminou na salvação de centenas de milhares de vidas.

O Protocolo de Auschwitz / A2 Filmes – Foto: Divulgação

Fora ainda que o longa é intensamente impactante e Inevitavelmente é perturbador.  No entanto, o diretor eslovaco Peter Bebjak conseguiu fazer um filme que relata este capítulo da história de uma nova maneira, empregando técnicas cinematográficas inventivas para apresentar o material. A fotografia de Martin Ziaran costuma filmar a ação com uma câmera de cabeça para baixo, imitando assim o ponto de vista dos protagonistas e as cores são todas desbotadas para uma paleta quase monocromática, encharcada e cinza como a lama polonesa.

Mesmo com o ritmo cadenciado, os flashbacks e sonhos se misturam para mantê-lo sempre um pouco desequilibrado e os momentos lentos nos alerta com impactantes cenas de terror que se cercam com algumas sequências que acontecem em uma sala escura onde centenas de cadáveres nus estão empilhados como madeira. É particularmente perturbador que este último cenário mal seja percebido pelos personagens enquanto eles tratam de seus negócios, como se eles vissem esse tipo de coisa todos os dias e de forma comum, um momento totalmente brutal.

A atuação é extraordinária do começo ao fim, especialmente dos dois protagonistas, e John Hannah oferece uma bela aparição subestimada como um funcionário da Cruz Vermelha que quase não consegue acreditar no que ouviu no final do filme. Sei que muitas pessoas podem pensar “não é outro filme sobre o Holocausto”, mas o diretor Peter Bebjak deixou claro por que essas histórias ainda precisam ser contadas.

O Protocolo de Auschwitz / A2 Filmes – Foto: Divulgação

No geral, O Protocolo de Auschwitz nos mostra um importante fato que foi e é encoberto até hoje. Enquanto os créditos funcionam, eles são acompanhados por uma montagem de áudios dos atuais políticos racistas anti-imigrantes e líderes religiosos de nove países jorrando mensagens de ódio. Entre eles está Marine Le Pen da França, Geert Wilders da Holanda, três políticos eslovacos, o pastor americano Steven Anderson, o ex-presidente americano Donald Trump e sim, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro. Uma herança mundial vergonhosa e que não pode ser esquecida.

Trailer:

Nenhum comentário